Previsão do tempo: papo de elevador ocupa espaço de jornalismo na Globo

"Será que vai dar praia?" questiona o telespectador enquanto escova os dentes para não se atrasar para o trabalho (Foto: Reprodução)

O Brasil não chega a ser um país muito interessante, pelo menos do ponto de vista jornalístico, quando o assunto é meteorologia. Não temos tantos eventos que mereçam tamanha atenção, como furacões, enchentes e terremotos. Mas a Globo parece pensar diferente: o nascer do sol em Itapema, Santa Catarina, é motivo suficiente para se transformar em animado bate-papo às 5 da manhã.

O fenômeno acontece no "Hora 1", jornalístico que recentemente dobrou de horário nas madrugadas –agora começa às 4 da manhã e vai até as 6. Dos 120 minutos no ar, pelo menos 20 são dedicados à prosa sobre a condição climática no país inteiro.

Dentre todas as excelentes responsáveis por apresentar as possibilidades de variação da temperatura, Jacqueline Brasil é de longe a minha favorita. Simpática e natural, gosto muito da forma como conduz suas reportagens. Mas é angustiante vê-la falando ao cidadão que acorda naquele horário indecente sobre a frente fria de uma região que sequer é a dele.

Seria muito melhor acompanhar Brasil, Maju Coutinho e companhia em editorias mais relevantes. A previsão do tempo, em que se pese todo o esforço envolvido e a evidente necessidade de preencher duas horas de programação quando as notícias ainda não começaram a acontecer, poderia aparecer tranquilamente por intermédio de geradores de caracteres. No máximo, algum detalhamento nos jornais locais.

A grande psicodelia da crescente investida da Globo no assunto foi a cobertura sobre o clima na Rússia durante a Copa do Mundo. Informações de almanaque, sem qualquer valor prático, foram colocadas no ar com pompa e circunstância. Assim como outras excelentes profissionais, da estirpe de Michelle Loreto e Mariana Ferrão, espero que a atual geração vire logo essa página e não demore a tirar o jornalismo da Globo desse recorrente papo de elevador.

Fará calor em Goiatuba, mas a culpa não é minha (Foto: Reprodução)

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