Globo tem muito a aprender com o sucesso de "A Hora da Venenosa"
NOTA-SE com espanto a incapacidade por parte da Globo de lidar com o estrago que "A Hora da Venenosa", quadro do "Balanço Geral" na Record, está fazendo há meses em sua audiência.
Existe um problema central no "Vídeo Show" que se repete também em outros fracassos recentes da emissora, como "Os Melhores Anos de Nossas Vidas" e "Amor & Sexo". É uma questão básica: a era do apresentador que lê teleprompter acabou.
Com pouquíssimos recursos, Reinaldo Gottino, Fabíola Reipert e Renato Lombardi discorrem diariamente sobre as notícias mais pedestres dos portais em "A Hora da Venenosa".
O primeiro ponto a ser observado é que Reipert é do metiê. Uma jornalista que está há muitos anos cobrindo o universo discutido pelo quadro, as fofocas sobre celebridades. Esse simples e óbvio detalhe faz toda a diferença, pois é alguém que sabe do que está falando.
Gottino é um condutor generoso. Depois de passar as horas anteriores narrando crimes no "Balanço", dá espaço para a especialista brilhar. E colabora com comentários inspirados, sem muito rodeio.
Renato Lombardi é um dos mais psicodélicos alívios cômicos que já passaram pela televisão mundial, talvez igualado apenas ao grande Percival de Souza sentado no trono no "Cidade Alerta". Repórter policial dos mais prestigiados, comenta uma notícia ou outra com o compromisso de quem está aguardando na fila do barbeiro, talvez para retocar aquele bigodão lustroso que ostenta há tempos.
A simplicidade do formato, uma bancada apertada onde Gottino levanta para Fabíola cortar e Lombardi eventualmente comentar, abre espaço para que a química entre os três funcione sem atropelos.
"A Hora da Venenosa" funciona como um canal no YouTube –seu conteúdo poderia ser criado diretamente de alguma garagem em Peruíbe. O que faz a diferença é a verdade de quem está falando aquelas coisas, que conhecem e se importam com os assuntos tratados.
Ou a Globo abre espaço para que a personalidade do apresentador seja o fio condutor de todo um projeto, como acontece no "Domingão do Faustão", por exemplo, ou a emissora passa a atrair profissionais apaixonados o suficiente pelos temas propostos em seus formatos para conduzi-los.
Não será de bom alvitre continuar combinando celebridades aleatórias para apresentar programas pelo simples motivo de serem célebres. O público exige uma autenticidade que não se conquista no Tablado ou nos cursos do Wolf Maya. A menos que o assunto seja Tablado e cursos do Wolf Maya, é claro.
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Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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