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Temos muito a aprender com a geração que não conhece a pinta da Angélica

Chico Barney

31/12/2018 13h17

Foto: Reprodução

O fim de ano nas redes sociais ficou especialmente agitado graças a dois fatos sem maiores conexões entre si, mas que demonstram as maravilhas e os perigos das diferenças entre gerações.

Um seguidor perguntou para Angélica o que diabos era aquilo que ela tinha na perna. Ora, era a famosa pinta da Angélica, importante marco cultural para boa parte dos brasileirinhos com mais de 30 anos.

Enquanto isso, graças ao lançamento do filme "Bird Box" na Netflix, muitos jovens internautas mostraram não fazer a menor ideia de quem é Sandra Bullock, protagonista do filme e uma espécie de instituição do que o cinema norte-americano tem de pior para oferecer desde o começo dos anos 90.

Os indivíduos da nova geração estão crescendo dentro de confortáveis bolhas em que as referências dos mais velhos não são necessariamente importantes na construção de seus repertórios. E não há nada de errado nisso, é apenas um efeito colateral do tempo em que vivemos.

A pinta da Angélica era comercializada livremente no passado (Foto: Reprodução)

A molecada se especializa em assuntos pelos quais realmente é apaixonada. Videogame, desenho japonês e música pop coreana, por exemplo. Em contrapartida, quantas músicas do conjunto BTS os pais dessa galera conhecem? Provavelmente nenhuma, para a sorte de todos os envolvidos.

São poucos os produtos da indústria cultural que conseguem ter um impacto nas mais diferentes faixas etárias ou classes sociais. Acho que hoje em dia apenas filmes de super-heróis e fake news de política conseguem furar os bloqueios impostos pelas bolhas, atingindo a sociedade como um todo.

A era das celebridades globalmente reconhecidas dá seus últimos respiros. Quanto mais pessoas famosas existem, menor o alcance total de cada uma delas. É uma questão matemática, sobre quantas bobagens conseguimos consumir no exíguo tempo dedicado ao lazer em nossas rotinas conturbadas.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002