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Antes de "Verão 90", Humberto Martins pediu para sair de "Kubanacan"

Chico Barney

06/04/2019 16h27

Martins & Martins Empreendimentos (Foto: Reprodução)

Humberto Martins é um monstro sagrado da teledramaturgia mundial. Lamento muito que não esteja confortável nos próprios sapatos. Segundo consta, encontra-se insatisfeito com os rumos de "Verão 90", novela em que vive um ex-ator de pornochanchada, chegando ao cúmulo de pedir para cair fora.

De acordo com Léo Dias, o Herculano da trama de Izabel de Oliveira e Paula Amaral não esconde dos colegas o quanto está desgostoso com o material apresentado.

Pois trata-se do melhor personagem de Martins em muito tempo, uma espécie de pós-Nuno Leal Maia com pitadas de Jece Valadão. E é também, de certa forma, uma homenagem ao próprio legado do artista, que brilhou em novelas de erotismo for dummies na época áurea de Carlos Lombardi.

Humberto Martins foi um dos descamisados fundamentais da obra de Carlos Lombardi, mais importante autor na faixa das 19 horas na Globo. Houve uma época em que essas coisas de adequação ao horário não passavam de mera ficção. As novelas tinham cenas que fariam corar o mais entusiasmado telespectador dos folhetins das 23 horas.

O galã brilhou especialmente em "Quatro por Quatro" e "Uga-uga". Nessa última, começou uma passagem de bastão, sem trocadilhos, para Marcos Pasquim, que assumiria na sequência o posto de descamisado-mor da nação. A troca de guarda teria novo capítulo em "O Quinto dos Infernos", com Martins vivendo Chalaça, mentor do Dom Pedro de Pasquim.

Duas gerações de supino na Globo (Foto: Reprodução)

Mas a relação sofreria um baque na inesquecível "Kubanacan", uma ficção especulativa que a Globo exibiu durante mais de um ano. Enquanto Pasquim protagonizava a novela e também vivia outros tantos personagens, Martins era o déspota da misteriosa ilha tropical. Tinha até um sósia na jogada. Mas não ficou muito feliz com o espaço que lhe era reservado e logo caiu fora. Voltaria apenas na reta final.

O ator negou qualquer problema de egos com o seu sucessor e alegou necessitar de um descanso após uma superexposição na mídia. Ambos voltariam a dividir a cena durante uma fase de "Pé na Jaca", derradeira entrega do genial Lombardi na Globo.

Meu intuito não chega a ser relembrar a fama de fujão do Martins, que deve estar no seu direito. Escrevo isso aqui por dois motivos: o primeiro é reclamar da falta de responsabilidade da Globo, que mantém "Kubanacan" sem reprises há mais de 15 anos. A novela é muito popular na internet e faria o maior sucesso no streaming. Deveriam até dividir em temporadas, a narrativa permitia isso. A outra bronca é com o sumiço de Carlos Lombardi, o mais pop dos nossos roteiristas, fora do ar desde a perfeita "Pecado Mortal", que foi ao ar em 2013 na Record.

Assim como "Kubanacan" e Lombardi, espero que voltemos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002