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Choramos à toa! Nenhuma morte é definitiva no Universo Marvel

Chico Barney

04/05/2019 13h57

Foto: Reprodução

Muita atenção: o texto abaixo traz diversos spoilers importantes do filme "Vingadores: Ultimato", além da revelação de segredos muito bem guardados sobre vários gibizinhos encantadores.

O sucesso dos filmes da Marvel trouxe muitos neófitos para o vasto e fascinante universo fictício engendrado por Jack Kirby, Stan Lee e tantos outros. Há cerca de 11 anos, o clube de fãs da Casa das Ideias não para de crescer. Por mim, tudo bem.

Mas isso faz com que muita gente ainda se impressione com bobagem. Ao longo dos últimos 50 e tantos anos de cronologia nos quadrinhos, a morte deixou de ser algo definitivo para se tornar um mero recurso narrativo. E assim como ela chega, também vai embora, a gosto do roteirista e dos editores do momento.

A morte do Homem de Ferro, que está comovendo audiências ao redor do mundo e garantindo bilhões de dólares nas bilheterias, é um evento bastante recorrente nos gibis, quase banal. Além de ter empacotado em grandes sagas como "Desafio Infinito" e "Massacre" nos anos 1990, Tony Stark já ficou em animação suspensa, se sacrificou para salvar um clone mirim e recentemente ficou uns meses morto depois da "Guerra Civil 2". Mas como personagem de quadrinhos não cobra uma diária tão cara quanto Robert Downey Jr., o herói já está vivão e enfrentando novas aventuras, prontíssimo para morrer novamente quando as vendas caírem ou a criatividade do roteirista atual descambar para o clichê.

Homem de Ferro: morreu, mas passa bem (Imagem: Reprodução)

Durante muito tempo, a Marvel tinha apenas duas regras sobre ressurreições: o Tio Ben do Homem-Aranha não podia voltar, assim como o Bucky, parceiro do Capitão América na Segunda Guerra Mundial. O jovem rapaz conseguiu se levantar das catacumbas graças a um excelente argumento proposto por Ed Brubaker, que escreveu uma longa e formidável fase do gibi de Steve Rogers. E foi assim que ele criou o Soldado Invernal, hoje um popular personagem multimídia.

Quanto aos outros heróis, todo mundo morre em algum momento. E os fãs se desesperam, mesmo sabendo que dali a alguns meses todo mundo vai voltar. Capitão América, Thor, Viúva Negra, Gavião Arqueiro e Hulk –a cambada inteira já pagou o óbolo de caronte e garantiu uma carona de volta uns tempos depois.

Para além do cercadinho dos Vingadores, a situação de morte recorrente também é característica fundamental para os gibis dos X-Men. Chega a ser algo tão importante para as histórias quanto as metáforas sobre preconceito. Morrer e ressuscitar é atualmente o principal traço de personalidade da Jean Grey, para você ter uma ideia.

Os editores de quadrinhos perderam os pudores de jogar essa carta depois do sucesso que foi a morte do Superman, isso lá em 1992. Os gibis vendiam muito, mas não costumavam repercutir nas mídias mais tradicionais. Pois encomendar um presuntão de Krypton foi o golpe publicitário que mudou para sempre os limites entre vida e morte nos gibis. Ninguém mais fica muito tempo a sete palmos, pois o retorno do azulão também garantiu ainda mais dinheiro no bolso da DC.

Superman e seu maior inimigo –depois do Zack Snyder, claro (Imagem: Reprodução)

O movimento já está sendo colocado em prática no Universo Cinematográfico da Marvel. Gamora retornou com uma versão ligeiramente mais jovem, o que pode descambar em uma relação meio "Como Se Fosse a Primeira Vez" entre ela e o Senhor das Estrelas. Além disso, todo o resto que morreu em "Guerra Infinita" voltou para "Ultimato". E nem vou falar do Loki.

Então existe um precedente enorme para os retornos de Viúva Negra e Homem de Ferro. Scarlett Johansson já tem compromisso marcado com a Marvel nos próximos anos. Já Robert Downey Jr. provavelmente retornará apenas caso os boletos se tornem ameaçadores de alguma forma, o que parece improvável. Mas a história nos ensina que nenhuma morte é definitiva para a Marvel. Choramos à toa, coleguinha!

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002