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"Mistério no Mediterrâneo" é ruim, mas pelo menos não precisa sair de casa

Chico Barney

22/06/2019 14h35

Foto: Reprodução

Não se fala em outra coisa nas filas de padarias, mesas de botequins e salas de espera nos consultórios odontológicos. O principal assunto dos últimos dias é a estreia do novo filme de Adam Sandler na Netflix, desta vez acompanhado por Jennifer Aniston em "Mistério no Mediterrâneo".

O filme é uma espécie de continuação espiritual de "Avenida Brasil". O que aconteceria se Tufão e Nina, depois de resolvida a situação desagradável com Carminha, resolvessem partir em lua de mel pela Europa? É um delírio daquela antiga "nova classe média" que a novela retratava tão bem.

Tem uma frase do Chiquinho Scarpa, não sei se é realmente dele ou se apenas estava estampada em uma almofada que vi no Instagram do conde, que é a seguinte: "uma vida melhor é possível, mas custa caríssimo". O chamariz do filme se dá, em um primeiro momento, por colocar dois zé manés em contato com o requinte e a sofisticação de barcos e hotéis caríssimos na Europa.

Já estive em algumas festas de grã-finos e me sinto exatamente como os personagens de Sandler e Aniston, ainda que sem a parte dos assassinatos e tudo mais. Os protagonistas são de fácil identificação, pois qualquer um às vezes se sente como um policial que não consegue passar na prova de detetive.

Em linhas gerais, o filme é algo que podemos chamar de "muito ruim". As piadas quase nunca encaixam, os personagens são rasos e você nunca consegue se importar de verdade com qualquer elemento apresentado. Ainda assim, mais de 30 milhões de famílias prestigiaram logo que estreou. E se parar para pensar, é a mesma fórmula do sucesso das novelas do Walcyr Carrasco.

Trata-se da diversão escapista que não consegue nem divertir nem nos fazer escapar para lugar nenhum. Esse tipo de filme na Netflix me faz louvar ainda mais o trabalho dos editores da Globo, que picotavam comédias deprimentes para caber na "Sessão da Tarde" e, durante o processo, ainda poupavam o público dos piores minutos das tramas.

Como ponto positivo, pelo menos o amigo leitor não precisa sair de casa para assistir. Olha as coisas melhorando.

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Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002