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Você vai odiar "O Escolhido" da Netflix, e depois vai querer mais

Chico Barney

02/07/2019 19h16

Paloma Bernardi e o ator que não é Daniel Furlan (Foto: Reprodução)

"O Escolhido" é uma mesmerizante nova produção nacional disponível na Netflix. A trama mistura "Lost" com o "Auto da Compadecida" e mais umas pitadas deste medo pós-moderno de tomar vacina.

Sendo bem simples e direto, a primeira coisa que você precisa saber sobre "O Escolhido" é que trata-se de uma série muito ruim. O outro ponto é que eu simplesmente não vejo a hora de prestigiar a próxima temporada.

Em linhas gerais, a trama é a seguinte: no Pantanal profundo, três médicos precisam vacinar uma aldeia afastada ou serão sumariamente demitidos pelo chefe. A líder do trio é vivida por Paloma Bernardi, a mais famosa profissional envolvida. Os atores Pedro Caetano e Gutto Szuster, que eu só fui perceber que não era o Daniel Furlan lá pelo terceiro episódio, são os outros doutores da alegria.

Chegando na tal comunidade bucólica, começam a perceber que existe algo de estranho no local. E numa sucessão de demonstrações de pouco tato para o convívio social, conseguem irritar todos os moradores esquisitões, até serem salvos pelo prefeito informal da região.

Logo descobrem que a turma não pode tomar nenhum tipo de remédio, pois existe um curandeiro que garante a saúde eterna de todos os envolvidos, e a medicina atrapalha o fluxo da salvação divina no corpo dos pobres diabos.

Atenção, o primeiro cara não é o Daniel Furlan (Foto: Reprodução)

Ninguém se importa em explicar direito o que é a tal cura, mas vida que segue. Os médicos se envolvem numa trama cheia de paranoia na selva –e evitarei falar mais a respeito não só para não dar spoilers, mas também por não ter compreendido direito algumas passagens.

Embora tenha ficado faltando uma infinidade de explicações, e até mesmo o estabelecimento de algumas motivações um pouco mais convincentes, o argumento é a única coisa boa de "O Escolhido". Todo o resto é bastante problemático.

A direção é insegura, apesar da produção caprichada. As atuações são fracas, quase sempre constrangedoras. É difícil encontrar um diálogo que não faça ruborizar de vergonha alheia. Mas a concatenação das ações consegue prender a atenção, um pouco por falta de amor próprio da parte do telespectador, outro tanto pelo talento do algoritmo em mexer com nossas emoções.

O mais grave, na minha humilde opinião, é que o gancho para uma segunda temporada é excelente, com direito a acenos referenciais a uma das mais lamentáveis lendas urbanas brasileiras.

"O Escolhido" tem 6 episódios e é baseada em uma série mexicana chamada "Niño Santo". Não chega a ser imperdível, mas me diverti bastante com os poucos aspectos positivos –e principalmente com os negativos. Será que tem potencial para ser o nosso "The Room"?

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002