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É impossível torcer pela protagonista de Juliana Paes em "A Dona do Pedaço"

Chico Barney

31/07/2019 18h12

Reprodução

É cada vez mais árdua a missão de Juliana Paes em "A Dona do Pedaço". Sua personagem falha miseravelmente em conseguir atrair qualquer grau de empatia. Os motivos são diversos. O mais gritante é a notória burrice de Maria da Paz.

Ainda acho que Walcyr Carrasco está preparando terreno para nos mostrar a fase "um e meio" da novela, explicando tudo o que aconteceu durante o salto cronológico em que a protagonista independente e esperta começou a vender bolos na rua, montou uma rede de lojas, enriqueceu e aí ficou completamente destrambelhada. Teria sofrido um grave acidente? Foi abduzida e o chip alienígena queimou algum fusível? Trocada por sósia durante cursinho de empreendedorismo? Talvez seja esse o grande mistério que pautará os próximos meses da trama.

Em determinadas cenas, chega a parecer que Maria da Paz é um bicho, reagindo de maneira instintiva e sem jamais conseguir concluir um raciocínio antes de oferecer um bolo de cocada.

Muitos capítulos encerraram com ganchos que davam a entender que nossa heroína finalmente estava sacando que a filha está pegando o padrasto. Ou que a herdeira está armando uma pindureta para faturar uma grana com mais agilidade. Mas que nada: no dia seguinte, a personagem abre o capítulo com um "ah, tá!" e vida que segue.

Aí o cidadão chega até a torcer pelo sucesso da vilanesca filha vivida por Agatha Moreira, por mais que suas motivações também sejam psicodélicas e desprovidas de nexo.

Maria da Paz é mais que um enigma: trata-se de uma armadilha. Já escrevi aqui que encabeçar essa novela foi provavelmente a maior roubada da carreira da ótima Juliana Paes. Para piorar, ela ainda não encontrou o jeito da personagem, e não sei nem se é justo julgá-la por isso. É como pedir para alguém desenhar uma forma geométrica que não existe.

Outro agravante é a falta de química da atriz com Reynaldo Gianecchini. A virada que está começando a ocorrer no núcleo do casal, com o inveterado apostador se apaixonando de verdade pelo carisma quântico da boleira, promete aumentar ainda mais o grau de dificuldade para todos os envolvidos –especialmente os telespectadores.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002