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Homem-Aranha e Sony repetem erro cometido por Quico no auge do "Chaves"

Chico Barney

21/08/2019 23h33

Reprodução

Quico sempre foi uma das figuras mais populares do seriado "Chaves". O personagem vivido por Carlos Villagrán é um fenômeno que ultrapassa gerações. Mimado e desrespeitoso, oferece com seus vacilos uma desavergonhada catarse para crianças de todas as idades.

Quando o programa do menino pobre que morava em um barril ainda era produzido pela televisão mexicana, Villagrán decidiu que deveria confiar no próprio potencial e picou a mula da vila. Foi tentar emplacar como protagonista da série venezuelana "Federrico", que era basicamente o mesmo Quico de sempre sob uma alcunha diferente para distrair os advogados de Roberto Bolaños, criador da turma original e o Chaves em pessoa.

É por conta disso que o personagem nunca mais apareceu algum tempo depois daqueles episódios em Acapulco –ou no Guarujá, dependendo do cânone que você esteja seguindo. Mas o erro de Villagrán foi se amar demais. A série foi um retumbante fracasso. Por mais que tenha feito o possível para replicar a experiência chavística da coisa, chamando até o Seu Madruga para a enrascada, faltava o gingado certo para pisar naquele chão.

Trinta e tantos anos depois, vemos o Homem-Aranha e a Sony repetindo os erros que Quico cometeu. Ao considerar a hipótese de tirar o personagem vivido por Tom Holland das mãos da Disney, os engravatados caem no equívoco de acreditar demais no potencial pós-bilheteria bilionária de "Longe de Casa".

Assim como o charme mambembe de Chaves não poderia ser replicado pelo rapagão bochechudo na Venezuela, é impossível imaginar que a dona do Playstation repita o êxito do herói aracnídeo sozinha. Existe toda uma sofisticadíssima tapeçaria, com mais de 10 anos de cuidadosa produção por parte do Marvel Studios, que permitiu tantos recordes demolidos pela mais recente encarnação do Aranha.

Desta feita, considero até coerente que a Disney se ache no direito de abocanhar uma fatia maior dos ganhos com filmes do personagem. Ora, a empresa está fazendo do mundo cinematográfico o seu quintal. Como dizia o poeta e antropólogo Major Rocha, quem quer rir, tem que fazer rir.

Para usufruir das suntuosas acomodações do Universo Cinematográfico da Marvel, nada mais justo que a Sony Pictures pague o aluguel.

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Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002