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Walcyr Carrasco virou a pessoa mais importante da TV brasileira

Chico Barney

13/09/2019 14h49

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Novela da Globo ainda é o principal produto o da televisão brasileira. É onde estão as melhores audiências e a mais eloquente reunião de talentos, algo que se traduz em ótimos contratos para preencher seus espaços publicitários.

São sofisticadas as operações para colocar em ordem uma escola de samba cuja Sapucaí leva 8 ou 9 meses para atravessar. Profissionais de alto gabarito estão em todas as partes da engrenagem. Técnicos, produtores, atores, diretores e redatores trabalham para superar os desafios diários de algo dessa proporção.

Dada a recorrência com que a responsabilidade de escrever os roteiros que orientam toda essa indústria recai sobre seus ombros, podemos concluir que atualmente não existe nenhuma pessoa mais importante que Walcyr Carrasco para a TV brasileira. Nos mais diferentes horários, encabeçou 14 novelas desde o bug do milênio para cá.

A Globo recorre aos seus préstimos com uma frequência assustadora. Enquanto outros colegas chegam a ter intervalos de 3 ou 4 anos, o responsável por "A Dona do Pedaço" praticamente não sai do ar. A razão para ser tão popular? Em tempos de tantas opções de entretenimento caseiro, com a concorrência não só de outros canais, mas também de outras plataformas, Carrasco segue emplacando sucessos devastadores de audiência.

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Sua especialidade sempre foi novela das seis. "O Cravo e a Rosa" está batendo recordes na reprise pelo Viva, e foi responsável pela maior audiência da história do canal pago. Não bastasse isso, "Êta Mundo Bom!", melhor audiência da faixa nesta década, estava cotada para o "Vale a Pena Ver de Novo" menos de 3 anos após a exibição original —Flávio Ricco avisa hoje que a novela não está confirmada no line-up, mas só por ser considerada já diz muito a respeito do prestígio do autor.

A grife de Carrasco é garantia de televisores sintonizados na fábrica de sonhos de Curicica. No campo das novelas das nove, está construindo uma excelente reputação como isca de público, muito embora as tramas não consigam encantar quem se dispõe a fazer análises mais racionais. "A Dona do Pedaço", por exemplo é tão sem pé nem cabeça que acaba fazendo a volta completa e se torna um programa imperdível.

Suas obras são fáceis de acompanhar. É tudo simples, raso, quase pueril. Funciona muito bem em tramas de época e fica meio esquisito quando a ação ocorre em tempos atuais. As rotinas se repetem tanto que alguns núcleos parecem coisa do antigo "Zorra Total".

De qualquer forma, o algoritmo dramatúrgico de Walcyr Carrasco é o grande trunfo da Globo no momento em que novos autores estão assumindo projetos em todos os horários e veteranos começam a ficar meio empacados. Citando aqui o grande poeta brasiliense Dinho Ouro Preto, a estratégia funcionará enquanto houver tanta gente assistindo TV como companhia.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002