Beto Falcão virou planta e agora Roberval é o grande herói de "Segundo Sol"
Roberval viveu uma mentira durante toda a vida. Trabalhou desde jovem para uma família sem saber que era a dele. A mãe nunca havia revelado que seu pai era na verdade o milionário patriarca da casa onde cresceu como empregado. A própria progenitora, resignada, continuava vivendo como doméstica no lar de seu ex-amante. Como se não fosse o suficiente, a namoradinha que batalhava para conquistar estava de chamego com o filho "oficial" do seu recém-descoberto pai.
Não sei o amigo leitor, mas essa intrincada teia de trairagens me deixaria razoavelmente frustrado. E assim ficou Roberval, que deu no pé, se livrou das amarras familiares e conquistou uma fortuna graças a negociatas no exterior. É o que chamariam de "dar a volta por cima". Com grana no bolso e algum tempo livre, se dedica a uma sofisticada vingança contra aqueles que tanta mágoa trouxeram à sua vida. Por mim, tudo bem.
É a típica trama de qualquer bom folhetim. Inevitável lembrar da jornada de Nina em "Avenida Brasil" ou a recente Clara da psicodélica "O Outro Lado do Paraíso". Duas heroínas, guerreiras do povo brasileiro. Apesar do arco narrativo tão próximo, o enfoque dado a Roberval coloca o personagem dentro do gabarito de um vilão. Uma pena. As motivações são ótimas e a vingança é catártica (embora nunca seja plena, e tal).
Mas "Segundo Sol" parece preferir vitimizar a família de Severo, o corrupto papai vivido por Odilon Wagner, que foi preso no capítulo da última terça-feira depois que Roberval conseguiu engambelar a sobrinha Rochelle, melhor papel de Giovanna Lancellotti até aqui.
Talvez o personagem de Fabrício Boliveira tivesse melhor sorte se o autor João Emanuel Carneiro estivesse com a auto-estima mais afiada. Depois do sucesso estrondoso de "Avenida Brasil", seu trabalho seguinte, "A Regra do Jogo", não foi bem e parece ter colocado suas pretensões mais provocantes em banho-maria. Além da marcha lenta durante a Copa, o que vemos até aqui é um trabalho cheio de boas intenções, mas jogando pelo empate.
Tanto que a trama teoricamente principal, envolvendo Beto Falcão (Emílio Dantas) e a família de Luzia (Giovanna Antonelli) lembra bastante o ritmo e o tom de novelas das 19 horas. Carneiro escreveu dois dos maiores sucessos do horário na década passada, "Da Cor do Pecado" e "Cobras e Lagartos", então estamos falando de uma boa novela das 19 horas. Mas é muito pouco para as expectativas da faixa em que "Segundo Sol" é exibida.
No jargão dos reality shows, o protagonista Beto Falcão é uma planta. Desde que saiu do coma, aparece praticamente para cumprir tabela, sem muitos momentos que justifiquem sua suposta importância na trama. É justamente nesse vácuo que a história de Roberval parece ainda mais interessante. E as possibilidades parecem ótimas, caso João Emanuel Carneiro volte a investir nos tons de cinza que sempre fizeram a diferença em sua obra.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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