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Assassinato de Remy em "Segundo Sol" é a ideia mais cretina do momento

Chico Barney

08/08/2018 18h20

O casal menos 'shippado' do Brasil (Foto: Reprodução)

"Segundo Sol" está se saindo uma belíssima novela, pelo menos depois/ que acabou o marasmo estabelecido durante a Copa do Mundo, provavelmente por motivos estratégicos da emissora. Bastou que as seleções picassem a mula da Rússia para que o ritmo envolvente, tão típico do trabalho de João Emanuel Carneiro, voltasse a fazer parte do nosso cotidiano.

Mas é importante notar, como diria o Waze, que ainda há trechos de lentidão no nosso percurso das 21 horas. E o principal bloqueio está justamente na história que deveria ser a principal, sobre a falsa morte de Beto Falcão (Emílio Dantas) e também a inocência de Luzia (Giovanna Antonelli), além da revelação de que ela é mãe do Valentim (Danilo Mesquita).

Remy (Vladimir Brichta) é uma peça fundamental na revelação de todos esses segredos, e está agindo de maneira inconsequente há algumas semanas. Além do achaque para cima de nossa querida marisqueira, está criando caso com Karola (Deborah Secco), Laureta (Adriana Esteves), Rosa (Letícia Colin), Ícaro (Roobertchay Suede) e, bom, acho que só não teve maiores entreveros com aquele personagem do Francisco Cuoco. O motivo de tanta treta não chega a ser fortuito: o autor vai mandar o personagem comer grama pela raiz já nos próximos capítulos.

Curiosidade sem relação com o resto do texto: Adriana Esteves e Vladimir Brichta se apaixonaram durante as gravações de "Coração de Estudante" –eu sempre achei que tinha sido em "Kubanacan" (Foto: Reprodução)

A escalada de Remy poderia ser histórica caso não tivesse essa morte no meio do caminho. Sua sobrevivência colocaria a novela em um lugar totalmente inesperado, do jeitinho que o povo gosta. Mas que nada. O crime servirá para manter Luzia e Beto Falcão afastados, com o falecido cantor suspeitando da culpa da amada. Além disso, a novela passa a girar em torno do enfadonho "quem matou?", artifício tão interessante e original quanto as demandas do público exibidas no segmento "O Brasil que eu quero".

Eis que "Segundo Sol" perde também Vladimir Brichta, o melhor ator em atividade no país desde seu inesquecível Enrico em "Kubanacan". Estamos falando da decisão criativa mais cretina dos últimos tempos na dramaturgia nacional. Vê-lo lidar com os efeitos de seus atos seria muito mais divertido. Está na hora da Globo provar que aquela ladainha de obra aberta é verdade e ouvir o clamor popular: mantenham Remy vivo! Será que dá tempo?

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002