Luzia de "Segundo Sol" é o Neymar da dramaturgia: impossível torcer a favor
Parece que finalmente começou a "vingança" que Luzia (Giovanna Antonelli) pretende empreender para cima de suas inimigas em "Segundo Sol". E eu não lembro de ver o país tão empolgado com qualquer outro assunto em vez da suposta virada de uma novela das 9.
Vai ter alguém para culpar a Copa da Rússia, as eleições turbulentas e o lançamento do jogo do Homem-Aranha para o Playstation. Mas precisamos ser honestos: essa novela está ruim de doer. E eu sei que é errado culpar a vítima, mas a grande responsável por essa desgraça é o jeito que os autores conduzem a vida de Luzia.
A personagem acabou se tornando uma espécie de Neymar Júnior da teledramaturgia: é impossível torcer a favor dela. Está sempre fazendo tudo errado, jamais com motivos bons o suficiente para tamanhos vacilos. Exatamente como o popular jogador. Até na hora da virada ela é uma cretina. Foi salva por Roberval (Fabrício Boliveira), que tratou de montar um time na melhor tradição "turminha do Scooby-Doo" para desvendar mistérios.
Como agravante, a equipe é enriquecida pela presença de Cacau (Fabíula Nascimento), irmã de Luzia e mulher que foi humilhada com requintes de crueldade na igreja por Roberval –mas nada disso parece impedi-los de ter uma relação extremamente madura, apesar de terem sido representados como dois cidadãos bastante limítrofes no tangente às próprias emoções.
Como mascote do clube de mistérios, a presença do divertido Hans Donner da Terra Média (André Dias) serve como alívio cômico e assombro psicodélico. Agora só falta conseguirem um cachorro. De qualquer forma, o gringo é o único sujeito minimamente carismático entre essas pessoas detestáveis.
"Segundo Sol" está prevista para acabar em novembro, depois das eleições. Isso significa que pelo menos o próximo presidente não vai herdar uma das piores novelas já realizadas –tudo se resolverá ainda na gestão do Temer. Até lá, tenho certeza que Luzia vai aprontar muitas peripécias que continuarão fazendo o Brasil conversar sobre qualquer outra coisa, menos a pior trama já escrita por João Emanuel Carneiro.
É um castigo merecido para a mocinha mais revoltante dos últimos anos. A única redenção possível é levar a marisqueira para jejuar no monte e descobrir tudo sobre a grande conspiração maçom da qual todos estamos sendo vítimas.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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