Derrota histórica de Ana Paula inicia a era da pós-verdade em reality shows

(Foto: Reprodução)

Ana Paula Renault foi eliminada por Nadja Pessoa em uma votação histórica na noite de ontem, a maior entre todas as edições de "A Fazenda" segundo o apresentador Marcos Mion. Foi uma diferença acachapante, de cerca de 30%, que colocou a ex-BBB no olho da rua.

Mais do que isso, quem saiu derrotada na roça de ontem foi a verdade. Ana Paula se colocou na berlinda para que o povo trouxesse os fatos à tona: Nadja mentiu, manipulou e forçou uma barra odiosa para azucrinar os adversários. Parecia óbvio que a esposa de D'Black seria defenestrada com requintes de justiça social por parte do público. Mas os tempos são outros, muito mais sombrios.

Conceitos como verdade e fato vão se tornando cada vez mais nublados para a audiência como um todo. Não interessa quantas vezes a produção exiba as temíveis ilações de Nadja. A narrativa de que é perseguida por ter menos seguidores nas redes sociais, embora sofra com uma completa ausência de base na realidade, é algo com que as pessoas conseguem se conectar emocionalmente e já pegou, e é só isso o que importa atualmente.

Nadja também está sendo celebrada por ser autêntica e não ter medo de se levantar contra o sistema. Poderíamos dizer o mesmo de Ana Paula Renault, inclusive foi isso que trouxe ela até aqui. Mas a suposta superioridade com que tratava os colegas também entrou na pós-verdade de sua algoz, e foi determinante para sua rejeição.

O termo 'reality show' não é usado neste gênero por acaso. Embora aconteçam muitas injustiças por conta de mentiras, é interessante como esta "A Fazenda" de número 10 está conseguindo capturar e emular movimentos sociais e psicológicos da vida real. Estamos todos arruinados.

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