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"Melhores Anos das Nossas Vidas": má ideia levada às últimas consequências

Chico Barney

18/10/2018 14h25

As piores noites de quinta-feira de nossas vidas (Foto: Paulo Belote/Globo)

Uma importante reunião de talentos para entregar a mais constrangedora novidade da temporada: "Os Melhores Anos das Nossas Vidas" é o novo game show da Globo que está tirando o sono dos brasileiros que ainda possuem algum tipo de bom senso.

Lázaro Ramos faz a mediação do debate entre dois destacados integrantes do elenco global, cada um representando uma década. Nenhuma relação aparente entre o artista e o período defendido. Na noite de hoje, por exemplo, Marcos Veras representa os anos 60 e Rafa Brites os anos 2000.

O júri é formado por universitários que não viveram "nada do que mostramos aqui", segundo Lázaro, e votam no vencedor de cada semana. Depois da disputa por pontos corridos, a competição tem uma grande final entre os dois líderes, provavelmente para homenagear as regras do Brasileirão nos anos 70.

Alguém nos ajude, Lázaro (Foto: Isabella Pinheiro/Gshow)

Apesar de cheio de boas intenções, o programa é um fracasso principalmente por conta do texto exageradamente decorado. Como os advogados de cada década pouco tem a ver com o que estão defendendo, ficam ali repetindo algumas informações de Wikipédia sem muita paixão verdadeira nem conhecimento de causa.

O primeiro episódio teve Lúcio Mauro Filho, o Tuco da "Grande Família", forçando a barra pelos anos 80, a década perdida, contra uma Ingrid Guimarães que conseguiu fazer todo mundo ter ainda mais raiva dos anos 90. Não foi uma experiência divertida, muito pelo contrário. Os textos informativos soam falsos, os números musicais causam dor física pela vergonha alheia e a nostalgia barata é envolta de uma atmosfera tão falsa que não emociona.

Uma dupla à prova de nostalgia (Foto: Fabiano Battaglin/Gshow)

Colocar fases da história brasileira para competir é uma ideia perigosa em tempos de avanço do obscurantismo. Eleger um período do passado como o auge de nossas vidas é uma abordagem ruim por si só. É para frente que se anda. A conclusão é que trata-se de um programa conceitualmente equivocado que também é executado da pior maneira possível.

E dizem que em breve teremos Marco Luque participando… Sempre tem como piorar.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002