Áudio do "Seu Armando" não é fake: é arte!
Durante as trágicas enchentes no Rio de Janeiro desta semana, um funcionário fica indignado com as exigências do patrão e perde as estribeiras em um catártico áudio do WhatsApp. O assunto comoveu muitos internautas, fascinados com a coragem do cidadão. Raras são as vezes em que conseguimos ver alguém se levantar contra o poderio econômico em nome da própria dignidade!
"Seu Armando, eu tô desde às 5h45 da manhã mandando foto, vídeo no seu privado, Seu Armando. Mostrando a minha real situação porque hoje eu não fui trabalhar. O senhor conhece Belford Roxo quando chove, seu Armando? Aí o senhor vai no grupo e fala pra todo mundo ouvir que eu sou um funcionário preguiçoso, que tenho medo de pegar chuvinha?", diz o preâmbulo da peça, antes de descambar para uma fabulosa sequência de impropérios.
O jornal Extra jogou água no chopp dos mais empolgados. Investigou o caso e descobriu que o material foi criação de um grupo chamado "Ninja, O Sincero". O UOL entrevistou as figuras. Produzem conteúdo para o YouTube, como boa parte dos criadores deste século. Muitos estão lamentando que a história não é real. Ora, mas quem disse que é isso que importa?
O ponto fundamental é a noção de que existem mentes criativas usando o áudio do WhatsApp para criar arte. É uma quebra de paradigmas muito interessante. Aquela narrativa com pouco mais de 1 minuto conseguiu engajar uma vasta audiência, que já carregava tochas e ancinhos rumo a qualquer padaria da Zona Sul do Rio de Janeiro em busca de justiça social.
É um efeito parecido com Orson Welles e "A Guerra dos Mundos" em 1930, para ficar com um clichê favorito dos escolados. Melhor que a guerra pós-zap seja de classes, para trazer um pouco de reflexão em tempos tão conturbados. Pois a função da arte é justamente essa, trazer questionamentos para o cotidiano e fazer com que possamos contemplar nossos problemas sob novas óticas.
"Tu acha que eu vou sair de Belford Roxo com água no joelho para ir para Botafogo encher o saco de farinha, seu arrombado?"
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.