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Retorno do Raça Negra é a única coisa boa de "A Dona do Pedaço"

Chico Barney

15/07/2019 22h18

Reprodução

Conforme o tempo vai passando, "A Dona do Pedaço" fica mais psicodélica. A novela começou com pretensões razoavelmente realistas, narrando a história da menina simples do interior que sofre uma grande tragédia pessoal e consegue dar a volta por cima empreendendo na cidade grande. Pouco tempo depois, virou uma epopeia delirante sobre como a radiação dos aparelhos celulares está deixando a população mundial cada vez mais burra. Quer dizer, eu acho que só pode ser sobre isso.

Se existe algo de positivo a respeito da produção, certamente é o retorno triunfal do conjunto musical Raça Negra. Os decanos do pagode mundial estão embalando as desventuras de Maria da Paz, a protagonista adoravelmente desprovida de nexo da Juliana Paes. Com isso, toda a máquina institucional da Globo está fazendo o possível para bombá-los novamente.

É uma iniciativa gloriosa. A melhor coisa que uma grande empresa poderia fazer por nós. O remelexo suingado de "Cheia de Manias" atravessa gerações. Cá entre nós, a letra dessa faixa específica não chega a fazer qualquer sentido para ajudar a narrar a trajetória da boleira maravilha. Mas até aí, o que faz sentido na história de Maria da Paz?

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Ter a oportunidade de rever o vocalista Luiz Carlos esbanjando sorrisos e aquele medalhão dourado de 5 quilos no pescoço no palco do Fantástico e lotando casas de show é uma satisfação. A banda foi fundamental para a transmutação do samba em produto pop no começo dos anos 90. São pioneiros corajosos, desbravadores que fincaram bandeira em um novo mundo, muito além dos fundos de quintais.

Se as coisas não vão muito bem na trama, pelo menos a trilha sonora está dando uma animada em 2019. Por mim, tudo bem.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002