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Com palavrão e pegada "belieber", Thiaguinho empurra o pagode para o futuro

Chico Barney

13/08/2019 16h41

Reprodução

Thiaguinho não é apenas o grande nome do pagode nacional deste século, mas também um dos mais importantes artistas da nossa música popular. E está dando demonstrações claras de que está disposto a retomar a efervescência criativa de sua passagem pelo Exaltasamba e também do começo do trabalho solo.

"Deixa Tudo Como Tá" é o mais novo single do cantor, uma prévia do vindouro projeto "Vibe". E é simplesmente a melhor música do cantor em muitos anos, talvez desde o fim da banda que catapultou sua carreira aos píncaros da glória. A parceria com o produtor Dudu Borges é uma pérola.

Além das referências de R&B que são marca registrada de sua trajetória desde as composições com Rodriguinho, foram acrescidos alguns sutis elementos de música eletrônica que aproximam Thiaguinho do pop contemporâneo perpetrado por Justin Bieber, Skrillex e Major Lazer –sem jamais perder de vista o pagode romântico como cerne da questão.

É uma evidente modernização do formato, respeitando estruturas estabelecidas enquanto faz amálgamas com outras frentes. Thiaguinho empurra o gênero para o futuro com um  refrão poderoso e o andamento que vai crescendo ao longo da execução –e certamente fará com que este seja um dos momentos mais emocionantes dos shows do artista nos próximos anos.

OUÇA: PAGODE COM PEGADA BELIEBER

Como elemento intrigante, a presença de um palavrão na letra. É o mesmo termo que Pitty entoou com força e vigor no mais recente episódio do "Domingão do Faustão", ainda que sob outro contexto. Na poesia de Thiaguinho, o termo é para expressar dificuldade, complicação. "Eu sei, é foda imaginar a gente ser de alguém / Mas sei que a gente junto não tem pra ninguém", canta por cima de ótima base instrumental.

É uma interessante mudança de paradigma para o autor. Em outros tempos, o palavreado mais ousado ficava restrito a trocadilhos de duplo sentido como visto em "Fugidinha", dos versos "o jeito é dar uma fugida com você" e "Fui", onde ouvimos "fui, deu pra mim" com alguma cacofonia.

Considero mais um evidente indício de maturidade artística deste compositor e intérprete que precisa fazer cada vez menos concessões para desfilar todo seu talento nas paradas de sucesso.

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Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002