Quem espera encontrar algum detalhe sobre a intimidade de Cleo (ex-Pires) nas redes sociais provavelmente vai dar com os burros n'àgua. Fotos profissionais dão o tom de sua presença online, sempre muito bem produzida e maquiada, numa sequência acachapante de ensaios. Legendas que parecem cada vez mais aleatórias tentam provocar discussões amenas ou levantar questões relevantes do jeito mais bobo possível.

Duvido muito que alguém acredite que seja realmente a própria que prepare o material. É tudo tão desprovido de alma que ficaria preocupado se descobrisse que não existe uma agência por trás da rotina virtual da polivalente cantora, atriz e digital influencer.

E essa nem é o pior papel que Cleo está desempenhando no momento. Sua Betina em "O Tempo Não Para" destoa bastante do resto do elenco da excelente novela das 7. Sem expressão, a vilã parece mais deslocada na trama do que a família de Dom Sabino. Até o visual composto para a personagem parece fora de ocasião, como se estivesse no programa errado.

Mas a coisa fica mais complicada quando o outro esforço criativo da ex-grande promessa do showbiz nacional também encontra dificuldades para convencer. Trata-se do projeto "Jungle Kid", um EP cheio de músicas pretensiosamente iconoclastas que resultaram em constrangedora desventura.

Cleo é muito bem estabelecida no star system nacional, o que me faz questionar suas escolhas recentes. Creio que o sucesso, principalmente quando chega para artistas que desde pequenos conviveram no metiê, acaba deixando o senso crítico um tanto turvo.

Estamos falando de uma atriz que tem bons serviços prestados à teledramaturgia nacional, que sempre ostentou personalidade forte e contestadora. Esse sempre foi o apelo e parte do charme da filha de Glória Pires. Os reveses atuais devem ser atribuídos à maneira como está conduzindo a carreira, jamais a uma suposta carência de talento. O Brasil aguarda ansioso pelo seu retorno à boa forma.

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