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Leandro Lehart quer liderar uma nova geração de "Os Trapalhões"

Chico Barney

30/06/2019 14h36

Fotos: Reprodução

Leandro Lehart é um dos mais importantes compositores de música popular do Brasil. Quem cresceu naquele momento mágico da virada de milênio deve muito de sua educação sentimental aos sucessos do Art Popular e das dezenas de outros artistas que usaram e abusaram da poesia de Leandro para emplacar nas rádios.

Mesmo com o mundo aos seus pés, nunca se contentou com o estado das coisas. Lehart sempre foi um pensador. Reflete sobre música, pensa sobre cultura, avalia o passado, o presente e o futuro da produção artística do país.

Depois de um longo período afastado do grupo que lhe catapultou aos píncaros do sucesso, retornou para acabar de vez com o Art Popular –pelo menos por um tempo. Agora eles são Os Bambas. Trata-se de um grupo que não existe, mas foi contemporâneo dos Originais do Samba. Tinham uma rixa tipo Beatles e Rolling Stones no final dos anos 60.

Pelo menos esse é o ponto de partida da peça que conta a história do samba e suas conexões com diversas vertentes da música popular em um espetáculo que leva o mesmo nome do conjunto hipotético, com direção artística do Alexandre Matias e toda a banda mais efervescente do pagode no elenco.

"Os Bambas contam com um mentor – um sambista já falecido – que traz sambas do futuro para o passado. Assim, nós tocamos Raça Negra em 1968, por exemplo, como se esse mentor intelectual viesse nos nossos sonhos e trouxesse as músicas que vão acontecer depois da década de 1960. É uma brincadeira com a ideia de que o samba seria extinto pela discoteca. Assim misturamos passado e presente em uma forma de homenagem", explica Leandro.

Essa mistura "De Volta para o Futuro II" com candomblé é o caminho para mostrar que "Jesualda" do Jorge Ben e "Canto de Ossanha" do Baden Powell tem tudo a ver com o Fundo de Quintal, os Originais do Samba e o próprio Art Popular.

TCHAU, DIDI

Além da emocionante biografia do samba como parte indelével da identidade nacional, tão diverso e caótico quanto todo o resto, a grande sacada de "Os Bambas" é colocar os integrantes do Art Popular como uma trupe circense de humor, no melhor estilo "Os Trapalhões". Para quem não lembra, Mussum era dos mais destacados músicos dos Originais do Samba.

Foto: Reprodução

"Sabemos das nossas limitações na questão da dramaturgia, mas a parte musical já era natural para a gente, então essa situação de passar seis meses ensaiando a apresentação deixou a gente muito feliz. Poder acordar, ir para o ensaio e falar 'Preciso melhorar o sotaque, preciso mudar a voz aqui, vou colocar uma peruca, colocar uma roupa, vou ficar em frente do espelho fazendo umas caretas', tudo é muito bacana. É importante sair do seu hábitat natural, daquilo que você domina, e Os Bambas é exatamente o que nós não dominamos. Está trazendo um grande fôlego para o Art Popular."

Leandro Lehart quer liderar essa nova geração de "Os Trapalhões" para além dos espetáculos apresentados na semana passada no Itaú Cultural em São Paulo. Estão previstos novos shows no começo de agosto, agora no Auditório Ibirapuera, inclusive com a gravação de um filme.

Ninguém há de reclamar deste apogeu.

Voltamos a qualquer momento como novas informações.

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Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002